Extra

Centrão e oposição fecham acordo para tirar Coaf de Sergio Moro

Líderes não aceitaram gesto de criação de mais dois ministérios

Partidos do centrãoe da oposição fecharam um acordo nesta terça-feira para tentar derrotar o governo e retirar o Conselho de Controle de Atividades Financeiras ( Coaf ) das mãos do ministro da Justiça, Sergio Moro. O assunto é debatido na comissão que trata da Medida Provisória (MP) 870, que reformulou a administração do governo Jair Bolsonaro no primeiro dia do ano. Cabe ao Poder Legislativo referendar ou não as mudanças.

Em sessão desta tarde, o líder do governo no Senado e relator da MP, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), leu o seu parecer com a manutenção do órgão na pasta da Justiça. Após a leitura, a sessão foi suspensa com pedido de vista. Na quarta-feira, às 14h30, o colegiado volta a se reunir para realizar a votação do relatório. É aí que os partidos do centrão e da oposição pretendem apresentar uma emenda e subordinar o Coaf ao Ministério da Economia. Depois, a MP ainda será votada no Congresso Nacional pela Câmara e pelo Senado.

O governo corre para tentar negociar o texto, já que a MP tem data de validade. Se não for aprovada pelas duas casas até 3 de junho, ela caduca. Ou seja, passaria a valer a estrutura administrativa do governo Michel Temer, que tinha 29 ministérios — com a posse de Bolsoanaro, a Esplanada passou a contar com 22 pastas.

Pela manhã, orientado pelo presidente da República e pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, Fernando Bezerra fez um aceno à classe política ao dizer que desmembraria o Ministério do Desenvolvimento Regional em duas pastas: Integração Nacional e Cidades. Segundo líderes ouvidos pelo GLOBO, a negociação tinha o objetivo de contemplar a Câmara, com um indicado para Cidades, e o Senado, com indicação para o comando da Integração Nacional. Entretanto, os líderes do centrão afirmam que não foram consultados sobre o assunto e que não têm interesse nas pastas.

Um dos cotados para assumir o Ministério das Cidades é o ex-ministro Alexandre Baldy, que ocupou o cargo durante o governo Michel Temer. Hoje, ele é secretário de Transportes do governo de São Paulo. O nome de Baldy não é consenso no PP, seu partido, já que é muito ligado ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e possui pouco trânsito com diferentes caciques da legenda.

No início da sessão desta terça-feira, três líderes do centrão sentaram lado a lado: Arthur Lira (PP-AL), Wellington Roberto (PR-PB) e Elmar Nascimento (DEM-BA). Visivelmente irritado com o relator, Lira pediu mais tempo para a discussão do relatório e ameaçou fazer obstrução.

— Se não tivermos 48 horas para começar a discutir um assunto dessa importância, nós vamos fazer obstrução — anunciou.

O presidente da comissão, João Roma (PRB-BA), no entanto, aceitou a sugestão de Bezerra e marcou a próxima sessão para o dia seguinte.

Além do deslocamento da estrutura do Coaf à pasta da Economia, centrão e oposição concordaram em retirar o poder de demarcação de terras do Ministério da Agricultura. Segundo deputado Carlos Zarattini  (PT-SP), esses pontos já são “consenso”.

— Agora que recriaram mais dois ministérios vou até pedir a recriação do Ministério do Trabalho — brincou Alexandre Padilha (PT-SP).

No relatório, Bezerra Coelho acatou algumas demandas do Congresso, como o retorno da Funai ao Ministério da Justiça, o fim do monitoramento das ONGs pela Secretaria de Governo e a recriação do Conselho de Segurança Alimentar, responsável por formular a política nutricional do país. Outra demanda acatada foi Bezerra Coelho foi mover as atribuições relativas ao registro sindical, à política de imigração laboral e ao cooperativismo e associativismo urbano para o Ministério da Economia.

O relatório também acatou uma emenda para vedar a investigação de crimes não fiscais por auditores da Receita Federal, “com o objetivo de promover maior segurança jurídica a esse tema”. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, recentemente se disse vítima de uma investigação desse tipo. A sugestão partiu do senador Eduardo Braga (MDB-AM), líder do partido no Senado.

— A gente precisa dar limites para não haver a exacerbação do exercício de determinados poderes, e tem ocorrido sim a extrapolação na atuação de fiscais da Receita Federal, que fogem da sua competência e das suas atribuições — disse Bezerra.

FONTE: O GLOBO

Comentar

Print Friendly, PDF & Email

COMPARTILHE

BAIXE NOSSO APLICATIVO

RESENHA POLITICA

TEIA DIGITAL

TEMPO REAL

PUBLICIDADE

Instagram

Instagram has returned empty data. Please authorize your Instagram account in the plugin settings .
WP2Social Auto Publish Powered By : XYZScripts.com