Tempo Real

Henrique Meirelles admite disputar Presidência contra Michel Temer

Um dia após crescerem os rumores sobre uma eventual candidatura de Michel Temer a um segundo mandato, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitiu nesta quinta-feira (22/2) que pode disputar o Palácio do Planalto contra o presidente. Pela primeira vez, Meirelles afirmou que nem mesmo a entrada de Temer no páreo inibiria sua intenção de concorrer à eleição de outubro.

“Seria uma competição”, disse o ministro ao Estadão. “Evidentemente, com mais candidatos fora dos dois extremos, a competição seria maior”, completou ele. Para Meirelles, a participação de Temer “não invalidaria” sua candidatura, mas apenas elevaria as alternativas no centro político.

Até agora, porém, o titular da Fazenda enfrenta dificuldades para pôr seu projeto eleitoral de pé. O PSD, partido ao qual é filiado, articula apoio ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). A negociação inclui a vaga de vice na provável chapa liderada pelo prefeito João Doria (PSDB) ao governo paulista. Nesse caso, o ministro de Ciência, Tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab, chefe do PSD, reforçaria a dobradinha com Doria.

Diante do “abandono” do PSD, Meirelles passou a conversar com o MDB de Temer e partidos menores, como o PRB, que também flerta com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) – outro pré-candidato ao Planalto no espectro de centro. Dirigentes do MDB afirmam que a migração de Meirelles para a sigla é considerada, mas nada está fechado. O ministro tem dito que não aceitará ser vice. Ele pode mudar de partido até 7 de abril e, se decidir mesmo disputar a Presidência, terá de sair da Fazenda até essa data.

“Ainda não parei para tomar a decisão. Não acho razoável um ministro de Estado já em campanha”, argumentou Meirelles. “Tenho que analisar a viabilidade político-partidária para avaliar a disposição de concorrer.”

Antes, em entrevista à Rádio Itatiaia, de Minas, o titular da Fazenda disse estar “contemplando” o cenário, com a possibilidade de entrar na corrida presidencial. Questionado se aceitaria continuar no comando da economia se for indicado para o mesmo cargo pelo próximo governante, em 2019, Meirelles foi mais enfático sobre seus planos eleitorais. “Acho que a etapa como ministro da Fazenda é uma etapa cumprida. Estamos agora contemplando essa nova etapa de uma possível candidatura à Presidência.”

No Planalto, as declarações de Meirelles foram interpretadas como tentativa de forçar uma decisão por parte do presidente. Em entrevista à colunista do Estado Eliane Cantanhêde, publicada em janeiro, Temer elogiou “a inteligência e a capacidade política” do ministro, mas disse preferir que ele ficasse na direção da economia.

O núcleo político do governo defende a candidatura de Temer, ancorada pelo mote da intervenção na segurança do Rio, mas avalia que o “lançamento” prematuro do seu nome, por parte do marqueteiro Elsinho Mouco, não só causou desgaste como pode ter dado a impressão de que a medida foi eleitoreira. O presidente não quer antecipar a campanha para não ser ainda mais criticado. Dono de alta impopularidade, ele pretende anunciar se será ou não candidato apenas no fim de maio ou em junho.

Previdência
O problema é que, diferentemente de Temer, Meirelles precisa deixar o cargo até o início de abril, se quiser concorrer ao Planalto. Nos bastidores, interlocutores do ministro dizem que, com o fracasso da reforma da Previdência, ele ficou sem sua principal bandeira: o ajuste das contas públicas. Além disso, no melhor dos cenários, se Maia e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não forem candidatos, Meirelles não passa de 2% das intenções de voto, segundo pesquisa Datafolha do fim de janeiro. No mesmo levantamento, Temer aparece com 1% e o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) tem de 16% a 20% das preferências.

“Meu histórico me dá condição de postular a candidatura. Não há dúvida de que estou pensando nisso”, comentou Meirelles, em entrevista à rádio CBN. Na lista das condições para entrar no páreo, ele citou a estrutura partidária, o tempo de TV e a avaliação de pesquisas qualitativas sobre o perfil de candidato desejado pelos eleitores. O maior tempo na propaganda política é do MDB de Temer.

A candidatura do presidente, porém, enfrenta resistências até no MDB. A avaliação é de que, caso o partido tenha concorrente próprio nessa disputa, sobrará menos dinheiro do fundo eleitoral para ser distribuído aos candidatos a deputado. Alguns parlamentares, no entanto, veem com bons olhos o nome de Meirelles por acreditar que ele teria como financiar a maior parte da campanha.

A movimentação política de Meirelles começou a aumentar no primeiro semestre de 2017. Em junho, ele abriu conta no Twitter, na qual passou a postar notícias sobre resultados positivos da economia, e contratou o marqueteiro Fábio Veiga, da agência Neovox, para cuidar de sua imagem. No segundo semestre, iniciou maratona de entrevistas a rádios e visitou igrejas evangélicas. Para ele, a viabilidade de sua candidatura está atrelada ao crescimento, à recuperação do emprego e a um estado de “bem-estar social”.

FONTE: METROPOLES.COM

Comentar

Print Friendly, PDF & Email

About the author

Gomes Oliveira

Add Comment

Click here to post a comment

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

COMPARTILHE

BAIXE NOSSO APLICATIVO

RESENHA POLITICA

TEIA DIGITAL

TEMPO REAL

PUBLICIDADE

Instagram

Instagram has returned empty data. Please authorize your Instagram account in the plugin settings .
WP2Social Auto Publish Powered By : XYZScripts.com