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Ficar em casa não é tão simples assim – Por Sílvio Persivo

O destino independe de nós. “Se a sorte me quer rei há de coroar-me/sem que eu me mexa” (William Shakespeare). 

FICAR EM CASA NÃO É TÃO SIMPLES ASSIM 

Quando se defende o isolamento social neste período de pandemia de Covid-19 como um dos principais meios de prevenção e combate ao contágio da doença em geral não se discute, mas, há opiniões contrárias, inclusive de pesquisadores de Harvard (https://mixmisturado.com/o-isolamento-pode-piorar-a-situacao-dizem-pesquisadores-de-harvard/) que dizem que o isolamento pode piorar a situação. De qualquer forma, mesmo se aceitando a tese, não é possível manter todos em casa. Afora os que não tem condições de viver sem trabalhar ainda existem os inúmeros casos de famílias que não tem uma moradia adequada (não dá para colocar seis pessoas num barraco de 30m2) e, mesmo os que tem muitos filhos tem imensas dificuldades de manterem tarefas e brincadeiras em casa para evitar o ócio e a ansiedade. Até mesmo casais, e não são poucos, se irritam um com o outro, com a mesma rotina, os dias iguais e a convivência forçada. Também, para muitos, que  dispensaram a empregada e/ou a diarista, para que também fiquem em isolamento social, as tarefas aumentaram e, quando o homem não faz nada em casa, os atritos aumentam. Para muitas mulheres é insuportável ver o homem bebendo cerveja o dia inteiro diante da televisão. Os atritos familiares aumentaram imensamente neste período. Ainda que se queira ignorar os efeitos nocivos na economia, no presente e no futuro, o isolamento traz problemas mentais e de manutenção do vigor físico, inclusive pela falta de sol e ar livre e também de exercícios físicos. E, quando a pessoa mora só, a falta dos amigos, da convivência influi, decisivamente, no humor da pessoa. Isolamento não tem nada de fácil. 

SAÚDE E POLÍCIA COM DEMANDAS EXTRAS E MUITAS RECLAMAÇÕES 

Em Porto Velho, aliás, somente num fim de semana muito mais pessoas morreram assassinadas, em dois dias, do que o vírus matou num mês. Houve um assassinato de um jornalista e de um policial que provocou uma enxurrada de manifestações nas redes sociais, mas, também, sem tanta badalação, cresceram o número de assaltos, enquanto a polícia tem sido desviada para fechar comércios. Também aumentaram as denúncias de quebras das regras do isolamento (contestadas por muitos), de forma que o medo foi intensificado pelos barulhos de sirene pela cidade. Reclamações, portanto, não faltaram contra a Segurança, inclusive de não atenderem situações de emergência, quanto da Saúde, que recebem uma carga de trabalho atípica enfrentando um eventual colapso da ordem nas ruas e nos pedidos de atendimento. O certo é que as ruas vazias, ocupadas por noiados, pedintes e bandidos, acentuam a violência e permitem ocorrências que seriam evitadas se não houvesse o Decreto de Calamidade Pública. 

ACÃO VOLUNTÁRIA DOA MÁSCARAS EM VILHENA 

O Sistema Fecomércio/Sesc/Senac em parceria com a Prefeitura de Vilhena, por meio da Secretaria de Assistência Social do município-SEMAS, está realizando uma ação voluntária conjunta para confecção de máscaras artesanais, como forma de enfrentamento da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). A ação social conta com a participação de diversos voluntários, entre eles ex-alunas dos cursos de costura da Unidade, que estão produzindo 100 máscaras por dia para doar à população  e aos profissionais de saúde do município.  A voluntária, ex-aluna do curso de costureiro do Senac Vilhena, Fabiana de Souza, disse “É uma ótima oportunidade de colocar em prática o curso que realizei no Senac, e melhor ainda, ajudar a minha comunidade e os profissionais da área da saúde com esse importante equipamento de proteção individual”.  A Diretora Regional do Senac, Nina Cátia Alexandre, informou que a Unidade estará sempre à disposição para contribuir positivamente com a sociedade. “Estaremos sempre promovendo ações para benefício da comunidade, e neste momento de grande dificuldade, mais que nunca precisamos unir forças com alunos e ex-alunos, como também, disponibilizar a estrutura da unidade, a fim de minimizar a propagação do vírus”, enfatizou.

AMAZONAS SEM RISCO DE DESABASTECIMENTO, MAS, OS PREÇOS SOBEM

A compra de itens básicos, com o medo decorrente do Covid-19, gerou uma corrida aos supermercados de Manaus, nas últimas semanas, com famílias estocando produtos para enfrentar uma crise sem fim definido. Este movimento acarretou também o receio do desabastecimento e da escalada inflacionária, especialmente no Amazonas, que importa a maior parte dos seus alimentos. Segundo o superintendente regional da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Serafim Taveira, o risco de desabastecimento depende do grau da interferência das ações adotadas em cada Estado nas atividades e, principalmente, da própria pandemia e seu impacto nas ações de isolamento adotadas. O problema é que, apesar das cargas manterem seu fluxo normal, principalmente provindas, via fluvial, por Rondônia e o Pará, houve diminuição de voos e podem haver restrições, já que recebe alguns produtos pelo modal aéreo. Mesmo assim alguns produtos, como ovos e hortifrutigranjeiros não típicos regionais, estão entre os itens com maior potencial para registrar algum tipo de desequilíbrio entre oferta e demanda, tanto que a escalada de preços que já se faz sentir. 

PARA SOCIÓLOGO FRANCÊS CONFINAMENTO É UM LUXO INVIÁVEL PARA OS POBRES

O sociólogo e professor da Universidade Paris 8, Hamza Esmili, especializado em desigualdade, radicalização e marginalização urbana, comuns nos famosos subúrbios de Paris, vive em Saint-Denis, palco de violentos protestos que acabaram se espalhando pela França, em 2005, e, 15 anos depois, Saint-Denis é uma das regiões da França com os mais altos índices de criminalidade, desemprego e, agora, mortalidade pelo novo coronavírus. Segundo o professor o confinamento é um conceito burguês que pressupõe que todos têm casas próprias para se refugiar “É como se a vida dos pobres não tivesse nenhum valor”.  Ele considera que o confinamento é inviável para os pobres e que “Atualmente, temos visto manifestações no Líbano, na Tunísia e em um países do hemisfério sul, onde as pessoas falam ‘sim, o coronavírus mata, mas mata menos que a fome. A fome mata com certeza”. A pandemia atingiu com força os franceses e a economia do país. Na semana passada, o Banco da França anunciou uma queda de 6% no PIB, o pior desempenho trimestral desde 1945. A nota é proveniente da BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC.

AUTOR: SÍLVIO PERSIVO –  COLUNA TEIA DIGITAL

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