O segundo modo de contrapartida aos depósitos que recebia no exterior consistiria em fazer no Brasil o pagamento, em favor da Odebrecht, de propinas a políticos, disfarçadas de doações eleitorais.

O grupo comandado por Faria, por meio das empresas Praiamar e Leyroz Caxias, que eram distribuidoras da cervejaria, foi utilizado pela Odebrecht para realizar, entre 2010 e 2014, pagamentos de propina travestida de doações eleitorais no montante de R$ 124 milhões.

Em outro cálculo no período de julho de 2006 a outubro de 2012, o Ministério Público Federal estima um montante ainda mais expressivo. Nessa época, a Lava-Jato sustenta que foi possível identificar que a cervejaria disponibilizou mais de R$ 388 milhões em espécie à Odebrecht no Brasil. O dinheiro teria sido usado para irrigar campanhas de polítidos de diversos partidos.

O GLOBO não conseguiu contato com a defesa de Walter Faria.

Ao pedir a soltura de Faria aos desembargadores do TRF4, a defesa argumentou que os depoimentos de testemunhas ouvidos no processo “demonstraram que a parcela de responsabilidade do empresário seria muito menor do que a inicialmente cogitada”.

Os advogados também sustentaram que o executivo sempre colaborou com as investigações e que não existe risco dele tentar obstruir a apuração dos fatos.