Policial

No 4º dia com presença do Exército, Rocinha tem madrugada sem tiroteios

Clima segue tenso na região e escolas ficarão fechadas nesta segunda-feira (25). No começo da manhã, Batalhão do Choque da PM iniciou operação na comunidade.

 Em meio ao clima de tensão, com intensa presença de policiais e cerco feito pelas Forças Armadas em seus principais acessos, a Rocinha, na Zona Sul do Rio, teve uma madrugada de aparente tranquilidade nesta segunda-feira (25). Não houve registros de tiroteio na comunidade desde a tarde de domingo.

No começo desta manhã, teve início uma operação do Batalhão de Choque da Polícia Militar na Rocinha. As equipes começaram a chegar lá por volta das 6h30.

A operação conjunta das polícias estaduais e das Forças Armadas alterou a rotina dos estudantes do entorno da comunidade. Nesta segunda-feira (25), escolas públicas e particulares da região não abrirão as portas. Ao todo, mais de 3 mil alunos ficarão sem aulas.

Reportagem exibida pelo Fantástico mostrou o clima de guerra e a sensação de terror enfrentada pelos moradores da comunidade desde que tiveram início os confrontos entre traficantes rivais.

Confrontos iniciados no dia 17 de setembro após invasão de traficantes ao Morro da Rocinha deixaram cenário de guerra na comunidade (Foto: Reprodução/ GloboNews)
Confrontos iniciados no dia 17 de setembro após invasão de traficantes ao Morro da Rocinha deixaram cenário de guerra na comunidade (Foto: Reprodução/ GloboNews)

A guerra na Rocinha que aterroriza os moradores desde o dia 17 de setembro passado começou porque Rogerio Avelino, conhecido com Rogério 157, rompeu com o também traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, de quem era homem de confiança.

Nem não gostou de saber que o antigo aliado estava cobrando valores abusivos e monopolizando o fornecimento de água e gás na comunidade. De dentro do presídio de segurança máxima onde cumpre pena, ele determinou a invasão de seu bando à favela para tentar recuperar o território.

 Somente cinco dias depois do início da guerra entre os traficantes, as autoridades do estado decidiram pedir ajuda federal. O emprego das Forças Armadas na Rocinha foi solicitado pelo governador Luiz Fernando Pezão na sexta-feira (22). O pedido foi autorizado no mesmo dia pelo Ministério da Defesa, que liberou 950 militares para auxilias as forças de segurança do estado.
Tropas do Exército começaram a montar o cerco à Rocinha no final da tarde de sexta-feira (22) (Foto: Reprodução GloboNews)
Tropas do Exército começaram a montar o cerco à Rocinha no final da tarde de sexta-feira (22) (Foto: Reprodução GloboNews)

Balanço das operações

Entre a sexta-feira (22), quando teve início a operação, até este domingo (24), forças federais e polícias estaduais registraram 3 mortos, 16 presos e 22 fuzis apreendidos na Rocinha, segundo balanço feito pela Secretaria de Segurança Pública do RJ. Na tarde deste domingo (24), um homem foi preso e um fuzil encontrado na comunidade.

Veja a lista das mortes, prisões, detenções e apreensões:

  • 3 mortes
  • 16 prisões
  • 2 detenções de menores de idade
  • 22 fuzis apreendidos
  • 8 granadas
  • 2 bombas de fabricação caseira
  • 2 pistolas
  • 84 carregadores de fuzil
  • 2.151 munições

Quase mil militares estão na comunidade nestes três dias para conter uma guerra entre traficantes rivais. Parte dos criminosos fugiu para as matas do entorno, espalhando os confrontos para várias regiões do Rio.

Militares patrulham a comunidade da Rocinha, no Rio, desde a sexta-feira (22) (Foto: Rommel Pinto/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)
Militares patrulham a comunidade da Rocinha, no Rio, desde a sexta-feira (22) (Foto: Rommel Pinto/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)
 Neste domingo, a partir de informação recebida pelo Disque-Denúncia, PMs encontraram e prenderam, por volta de 14h, Emanuel Bezerra de Araújo, de 19 anos, conhecido como Playboy. Ele tinha dois mandados de prisão em aberto, segundo a polícia, e carregava uma réplica de pistola.

Emanuel Araújo, que seria do bando de Rogério 157 e também invadiu a Rocinha, chegou à à 11ª DP (Rocinha) com a mão machucada. À polícia, disse que foi punido pelo novo líder da Rocinha, mas não explicou o porquê.

Após a prisão de Emanuel, na área de mata, em cima de uma garagem de ônibus, policiais do 23º BPM (Leblon) e da UPP Rocinha apreenderam um fuzil AK-47, um carregador e munições.

Fuzil AK-47 apreendido na mata da Rocinha (Foto: Divulgação/PMERJ)
Fuzil AK-47 apreendido na mata da Rocinha (Foto: Divulgação/PMERJ)

Mais tarde, policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) localizaram duas mochilas com 16 carregadores de fuzil AK 47 e munições próximo a Via Ápia. Durante patrulhamento pela manhã, policiais militares já haviam apreendido frascos de lança-perfume na Rocinha.

Carregadores de fuzil encontrados na Rocinha (Foto: Divulgação)
Carregadores de fuzil encontrados na Rocinha (Foto: Divulgação)

Buscas por Rogério 157

Um dos principais objetivos da cúpula de segurança do Rio de Janeiro neste momento é capturar o traficante Rogério 157. O grupo dele e o de Antônio Bonfim Lopes, o Nem, disputam o controle do tráfico de drogas da comunidade. O traficante Nem está preso em Porto Velho (RO), mas mantém o poder de parte da quadrilha. O rival tenta expulsar de vez seu antigo comparsa da favela.

O Disque Denúncia aumentou de R$ 30 para R$ 50 mil o valor da recompensa a quem repassar informações que ajudem a localizar e prender 157. As investigações da Polícia Civil apontaram que ele havia deixado a Rocinha durante os confrontos, mas teria conseguido voltar à comunidade na madrugada deste sábado.

Cartaz Rogério (Foto: Disque Denúncia/Divulgação)
Cartaz Rogério (Foto: Disque Denúncia/Divulgação)

Segundo o delegado titular da 11ª DP (Rocinha), que comanda as investigações, os relatos de um taxista que foi rendido e escapou de criminosos reforçam as informações obtidas pelos investigadores.

O taxista passava pela Rua Jardim Botânico quando bandidos entraram no carro e falaram para que seguisse até o Horto. Chegando lá, eles saíram e quatro bandidos armados embarcaram no táxi e o obrigaram a ir até a Rocinha. Um deles era Rogério 157, acredita a polícia.

 “Eles davam [a ele] o nome de pai. Tava no táxi comigo, ao meu lado, sentou ao meu lado. Passamos por duas barreiras. Ele só disse que não ia abandonar, porque ele era cria do morro”, disse o taxista.

Quando chegou próximo à favela, o motorista viu os militares e policiais, parou o carro e se jogou no chão. Os criminosos trocaram tiros com os policiais, mas conseguiram fugir.

“É um relato verídico e bate com nossa investigação. Ele [Rogério 157] retornou para a favela. Ele não quer perder o controle da comunidade (…) Ele está sufocado. Então ele vai para a mata, para a favela. A prisão dele pode acontecer a qualquer momento”, declarou o delegado.

Um dos fuzis apreendidos levava os números 157 (Foto: Alessandro Ferreira/G1)
Um dos fuzis apreendidos levava os números 157 (Foto: Alessandro Ferreira/G1)

Fonte: G1

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