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Nova nuvem de gafanhotos perto da fronteira com Brasil acende alerta

Nova nuvem de gafanhotos perto da fronteira com Brasil acende alerta

Não bastasse o perigo na Argentina, uma nova nuvem de gafanhotos põe as autoridades em alerta, desta vez no Paraguai. Com extensão de 10 km², ela foi identificada no domingo (12/7) no Parque Cerro León, que abrange a área do Parque Nacional Defensores del Chaco.

A localização dos insetos passa pelo departamentos (como são conhecidos os Estados no país vizinho) de Boquerón e Alto Paraguai, na fronteira com Bolívia e Argentina, mas também com o Brasil.

“Segundo as previsões meteorológicas, com ventos para os próximos dias, a nuvem deixará o Parque e seguirá para o sudeste, em direção à Zona Teniente Martínez, que, devido ao movimento observado das outras nuvens que controlamos, é uma zona típica para a sua passagem”, afirmou à Globo Rural o engenheiro agrônomo e diretor do Serviço Nacional de Qualidade e Sanidade Vegetal e de Sementes do Paraguai (Senave), Julio Rojas.

O diretor da agência governamental paraguaia acredita que a nuvem deve se movimentar para a área perto da estância de La Paz, próximo ao Chaco Central, onde se concentra a maior parte da produção agrícola do país. Nos cálculos do Senave, os prejuízos podem chegar a US$ 1,7 milhões. Por isso, é importante manter o monitoramento.

De acordo com Rojas, neste momento, não é possível fazer o combate com químicos porque a praga se encontra em uma área de preservação ambiental. Com o possível deslocamento nos próximos dias ou mesmo semanas, os técnicos poderão adotar medidas mais efetivas para erradicar o inseto.

“O meio natural do gafanhoto são os parques nacionais. As situações demográficas e a falta de alimento fazem com que ele se movimente e venha a atacar pastagens. Saindo do Parque Nacional, nós podemos implementar medidas de combate”, afirmou.

O receio das autoridades paraguaias é que, em condições propícias, como clima seco e árido, as fêmeas podem gerar entre 80 a 120 ovos por dia. “O controle aéreo, com drones e aviões, é o mais efetivo na fase adulta. Mas também é o mais caro. O mais econômico e eficiente é controlar o gafanhoto no estado de ninfa”, completou o engenheiro agrônomo.

Praga conhecida

Os países situados na região do Chaco, como Bolívia, Paraguai e Argentina, vêm convivendo com a presença da Schistocerca cancellata em seus territórios pelo menos desde 2015.

Segundo apresentação de Rojas em live transmitida nesta terça-feira (14/7) pela Agência de Regulação e Controle Fito e Zoossanitário do Equador (Agrocalidad), a nuvem teria surgido no norte da Argentina em julho de 2015 e migrado para a Bolívia, onde se hospedou entre o segundo semestre de 2016 e janeiro de 2017. Em fevereiro, a nuvem chegou ao Paraguai e retornou em junho à Argentina.

Após uma temporada sem grandes incidências em 2018, os gafanhotos voltaram a aparecer no Paraguai em junho de 2019. Com aumento da população, 12 nuvens se formaram no país vizinho naquele ano. Então, um novo ciclo dos gafanhotos teve início em novembro do último
ano. Segundo as autoridades paraguais, seis nuvens que estavam no país foram erradicadas em março passado.

Gafanhotos mais perto do RS

Na Argentina, a nuvem localizada entre as cidades de Curuzú Cuatiá e Esquina, na província de Corrientes, se movimentou pouco nos últimos dias, segundo o Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa).

Mas, de acordo com informações repassadas pelo Senasa à Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul, os gafanhotos diminuíram a distância de 144 quilômetros para Barra do Quaraí (RS), no último sábado (11/7), para 130 quilômetros nesta terça.

“Como fiscal, estou preocupado com o surgimento de novas nuvens pelo caminho, por conta de possíveis posturas e novas gerações. É importante que a gente pudesse ir nos lugares conferir essas ninfas”, afirma Juliano Ritter, fiscal agropecuário da Secretaria de Agricultura
gaúcha, que atua no monitoramento na região fronteiriça com o país vizinho.

O receio é justificado. De acordo com informações do governo da província argentina de Córdoba, cerca de 40 milhões de insetos são capazes de comer o que 2 mil vacas consomem em um dia. A estimativa é de que a nuvem tenha, aproximadamente, 400 milhões de gafanhotos.

O entomologista da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Jerson Guedes, diz que o monitoramento dos gafanhotos é facilitado pela disponibilidade de alta tecnologia. No entanto, ele ressalta que “é preciso monitorar com clareza para ter informações atualizadas
sobre os movimentos da nuvem”.

Já o chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Secretaria da Agricultura do RS, Ricardo Felicetti, acredita que temperaturas elevadas nos próximos dias podem favorecer novas movimentações. “Apesar do deslocamento, aparentemente a nuvem está com pouca mobilidade. Eles estão resguardados e não sabemos se há oviposição. O nosso receio é que, com o aumento da temperatura nos próximos dias, eles se movimentem mais”, afirmou.

Visita técnica e seminário online

Sem dar mais detalhes, ele explicou que o Ministério da Agricultura está reavaliando o plano de emergência aprovado em junho, para o caso de uma situação generalizada da entrada da praga no Brasil.

“Estão sendo observados todos os pontos, tanto no manejo emergencial, quanto em uma possível permanência da praga por mais tempo, inclusive no controle químico que foram liberados pelo Ministério”, pontuou.

Outro aspecto importante é que há uma previsão de enviar técnicos para a Argentina. O monitoramento in loco na província de Corrientes poderia facilitar o fluxo de informações e auxílio ao país vizinho no combate ao inseto.

“O Ministério da Agricultura está avaliando fazer visita técnica onde está localizada a nuvem. Essa liberação depende apenas de trâmites burocráticos. Mas, ainda neste mês, os técnicos do ministério e da Secretaria do Rio Grande do Sul devem ir para a Argentina”, disse Felicetti.

Inclusive, o Ministério da Agricultura promove nesta quinta-feira (16/7) um seminário online para tratar do monitoramento e controle dos gafanhotos. A conferência será transmitida ao vivo pelas redes sociais do ministério, a partir das 10h.

Por meio de nota, a pasta afirmou que segue em alerta e permanente contato com o Senasa para a adoção de medidas, mas que, no momento, não é possível detalhar os procedimentos que estão sendo estudados.

Temperaturas mais quentes

O agrometeorologista da Rural Clima, Marco Antônio dos Santos, explicou que houve geadas em algumas áreas do RS nesta quarta (15/7). Cidades na região da fronteira, como Uruguaiana e Barra do Quaraí, registraram 2ºC e 1,3ºC, respectivamente

Nos próximos dias, as temperaturas devem ficar mais amenas. No sábado (11/7), o tempo esquenta, com mínimas de 18ºC a 25ºC. Esse cenário deve se estender até dia 24, quando novas frentes frias vindas da Argentina devem chegar. “A previsão é de frio para o mês de agosto inteiro. Calor só devemos ver entre fim de agosto e começo de setembro”, avalia.

FONTE: REVISTA GLOBO RURAL

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