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No Brasil, salas lotadas em escolas dificultarão distanciamento social, diz OCDE

Um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgado nesta terça-feira indica que um dos principais desafios a serem enfrentados pelo Brasil em meio à pandemia da Covid-19 é o respeito ao distanciamento social durante a reabertura das escolas. O estudo aponta que o país tem salas mais cheias do que a média da entidade: são 24 alunos por sala nos primeiros anos de ensino e 28 no ensino fundamental, frente a 21 e 23 dos demais países integrantes e parceiros da organização, respectivamente.

Segundo o estudo “Education at Glance 2020”, até junho, o Brasil somava 16 semanas com escolas fechadas em razão da pandemia da Covid-19. O número é maior do que a média dos países da OCDE, de 14 semanas. O levantamento também ressalta consequências socioeconômicas resultantes da crise sanitária, em meio a recursos limitados.

O levantamento anilisou índices dos 37 países que compõem a organizaçao, junto de nove parceiros, entre os quais o Brasil. Os dados foram apresentados pelo secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, em Paris, na França.

“É fundamental que todos os esforços sejam feitos para garantir que a crise não exacerbe as desigualdades na educação que foram reveladas em muitos países. A crise atual testou nossa capacidade de lidar com interrupções em grande escala. Cabe agora a nós construir como legado uma sociedade mais resiliente”, afirmou Gurría no evento.

A OCDE também chamou atenção para o agravamento do desemprego entre jovens adultos no Brasil na pandemia. Antes da chegada do novo coronavírus ao país, 14% deles já se encontravam fora do mercado de trabalho. Ainda segundo a organização, indivíduos com menores níveis de escolaridade estão mais vulneráveis à Covid-19.

O investimento brasileiro na educação, no entanto, está acima da média dos países que integram a entidade. Equivalente a 5,1% do Produto Interno Brasileiro (PIB), os recursos estão cerca de 1% à frente da OCDE. Nos cálculos da entidade, sediada na capital francesa, o investimento por aluno na educação basica é de US$ 9.084 (R$ 48.756) e no ensino superior, de US$ 11.360 (R$ 60.972).

Salários de docentes

O mesmo peso, no entanto, não se reflete na remuneração dos professores. O relatório aponta que as diferenças podem ser de mais de R$ 100 mil anuais. Na educação infantil, por exemplo, docentes brasileiros recebem em media US$ 24,7 mil (R$ 132,5 mil), enquanto, na média da entidade, esse valor e de US$ 38,6 mil (R$ 207,1 mil).

No fundamental, a soma é, respectivamente, de US$ 25 mil (R$ 134,1 mil) e US$ 43,9 mil (R$ 235,6 mil). Outro problema reside na faixa etária dos professores brasileiros: 89% deles têm mais de 30 anos. Além de se aproximarem mais da idade do grupo de risco, eles também estão menos distantes da aposentadoria.

Crise no ensino técnico

Em comparação aos demais integrantes e parceiros da OCDE, o Brasil tambem vê um abismo nos números de pessoas com diploma de ensino superior, apontado pelo relatório como um mecanismo de ascensão social. Até o ano passado, apenas 21% dos indivíduos entre 25 e 34 anos tinham nível superior, enquanto o índice médio da organização é de 45%. Seguindo tendência das outras nações, mulheres largam na frente: 25% delas têm diploma no mesmo intervalo etário. O percentual de homens e, por sua vez, de 18%. A média da entidade é de 51% e 39% para mulheres e homens, respectivamente.

A pandemia afetou o ensino técnico e de profissionalização de forma contundente no Brasil, segundo o Education at Glance 2020, e o fenômeno tem impactos para além da educação: a formação oferecida pela área é a base de muitas profissões que ampliaram demandas durante a crise e é, muitas vezes, utilizada como uma transição para o mercado de trabalho. Além disso, o processo de aprendizagem, que muitas vezes depende de aulas presenciais e práticas, foi prejudicado pela necessidade do isolamento social.

Os números do estudo da OCDE indicam que apenas 8% dos estudantes brasileiros estão matriculados em cursos técnicos, enquanto a média dos demais integrantes e parceiros é de 32%. Destes, 53% cursam modalidades de nível médio e 47% do ensino superior.

Creches

Enquanto as salas de aula cheias no país representam um desafio logístico para o respeito às medidas de distanciamento, os números de crianças em creches no Brasil chamou atenção da OCDE. Ao todo, 88% das crianças entre 3 e 5 anos nos países membros e parceiros da OCDE estão matriculadas na modalidade de educação infantil. A média brasileira fica ligeiramente abaixo: 85%.

Mesmo com os índices díspares, as salas de creches brasileiras também são mais lotadas e comportam 14 alunos por professor, enquanto a entidade tem a média de sete por aula. Na faixa de 1 ano de idade, a disparidade é entre 21% (Brasil) e 34% (média OCDE).

Além disso, 34% das crianças de 2 anos estão matriculadas, logo atrás da entidade, cuja media é de 46%. De acordo com a legislação brasileira, a matrícula é obrigatória a partir dos 4 anos. Em muitas nações da OCDE, a educação infantil começa bem antes dos cinco anos.

FONTE: G1.COM

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