Meia ganhava R$ 800 mil nas Laranjeiras e também não fez gol ou assistência
Ronaldinho Gaúcho deu duas alegrias à torcida do Fluminense. Quando foi apresentado, no jogo com o Vasco, no Maracanã, dia 19 de julho, e no último sábado, ao ser substituído por Marcos Júnior, contra o Goiás. Os torcedores vaiaram sua saída de campo e pareciam adivinhar ser aquele seu último ato com a camisa tricolor. Deixou as Laranjeiras com saldo técnico devedor, sem um camisa 10 no jogo de hoje, às 22h, contra o Grêmio, pela Copa do Brasil, mas com R$ 3 milhões a mais em sua conta.
Apesar de o Fluminense ter apresentado nota oficial com balanço positivo, sem revelar os números extracampo de Ronaldinho, a soma não foi tão expressiva quanto o dinheiro pago ao craque. A venda de camisas tricolores na rede Centauro, uma das principais lojas de material esportivo, não sofreu grande alteração em 80 dias. Em julho ocupava a 9ª posição no ranking nacional. Permaneceu em agosto e, em setembro, devido ao péssimo desempenho do craque e do time, caiu para 10º. Mesmo sem alavancar as vendas no site Netshoes, a chegada do meia impulsionou em 40% a personalização das camisas com seu nome.
Levado em conta somente o mercado do estado do Rio, o desempenho foi ainda pior, porque a contratação de Ronaldinho sequer fez com que o Fluminense deixasse o último lugar entre os quatro grandes no ranking de vendas da loja.
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Em campo, apesar de uniformizado, Ronaldinho não vestiu a camisa da grande estrela que foi contratado para ser. Atraiu, em média, menos público do que os demais jogos do time em casa no Brasileiro. Nas oito partidas no Maracanã, incluindo a Copa do Brasil, com ele em campo, no banco ou até sendo apresentado, como foi no clássico com o Vasco, a média de pagantes foi de 17.801.
Nos demais nove jogos como mandante no Brasileiro, a média de público foi 19.319 pagantes, incluindo o clássico com o Flamengo, para o qual ele foi relacionado, mas alegou dor de garganta e foi embora.
Até os novos fãs de carteirinha de Ronaldinho e do Fluminense tiveram uma relação tão fugaz quanto a do craque com o clube. Na euforia do primeiro encontro, no momento da contratação, houve um aumento de 37%. Mas esse número está atrelado também ao bom desempenho do time no Brasileiro, quando, historicamente, os programas de sócio-torcedor despertam maior interesse. Já em agosto, o número de associados foi mantido em 34.095. Em setembro, aumento de 7%, fechando com 36.418.
Ao considerar o último balanço trimestral do tricolor, o valor mensal, em média, do plano seria R$ 81,41. Assim, o clube teria arrecadado neste período R$ 2.405.502,00 a mais, quantia menor que o custo do craque aos cofres do clube, R$ 3 milhões, entre salários, direitos de imagem e bônus. Dividido pelo tempo do jogador em campo, o valor é de R$ 333.333,00 por jogo, ou R$ 5.415 por minuto. A despesa com o meia por partida foi maior que a média de arrecadação nos oito jogos dele: R$ 217.985,00 (total de R$ 1.743.881,00).
Agradecimento nas redes foi negociado
A contratação de Ronaldinho nunca foi unanimidade nas Laranjeiras e, com o passar do tempo, ficou marcada mais como uma aventura, capitaneada pelo vice presidente de futebol Mario Bittencourt. Foi amplamente divulgado pela imprensa internacional que ele não se dedicara aos treinos na passagem de nove meses pelo Querétaro, do México. Lá, o meia também rescindiu antes do fim do vínculo. Já no Rio, continuou a dar festas em casa. Sem respaldo, o dirigente foi sozinho ao distrato na segunda-feira, diferente de quando ocorreu a assinatura do contrato, que contou com a presença do presidente Peter Siemsen.
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Ronaldinho só passou a ter a intenção de procurar a diretoria para uma “rescisão amigável” após Siemsen ter manifestado, na última semana, a vontade de o clube rescindir antes de dezembro de 2016. Com o time em crise, o presidente deu apoio ao vice com a condicional de que Bittencourt teria a missão de antecipar o que já se previa.
— O Fluminense não errou, aproveitou uma uma oportunidade. O retorno foi enorme. A chegada dele transformou muitos números do clube, números internos nossos — disse o vice.
Outro problema na contratação de Ronaldinho diz respeito ao salário. Poucas pessoas nas Laranjeiras têm acesso à planilha de pagamentos do departamento de futebol. E, do segundo trimestre até agora, quem tinha acesso, passou a não ter. Seus vencimentos mensais, segundo fontes ouvidas pela reportagem, chega a R$ 800 mil de salários, mais bônus não especificados, mas que dizem respeito a venda de camisas e incrementos nas receitas de marketing. Em três meses de salários, com o último a ser pago em outubro, o montante ganho por Ronaldinho é de R$ 2,4 milhões em salários, mais R$ 600 mil de bônus.
O clube, através de uma rede social, agradeceu ao jogador pela curta e improdutiva passagem. Isso nasceu da negociação, de acordo com uma fonte ouvida pelos repórteres, para a rescisão ser amigável. Torcedores execraram a inciativa.
A vaga no meio hoje ficará com Marcos Júnior. Deve ser a única mudança. Em Porto Alegre, a vitória e o empate com gols levam o tricolor às semifinais da Copa do Brasil. Novo 0 a 0 e a vaga sairá nos pênaltis.
Grêmio: Marcelo Grohe, Galhardo, Rafael Thyere, Erazo e Marcelo Oliveira; Walace, Edinho, Giuliano, Douglas e Luan; Bobô (Pedro Rocha).
Fluminense: Diego Cavalieri, Jean, Gum, Marlon e Léo Pelé; Pierre, Cícero; Gustavo Scarpa, Gerson e Marcos Junior; Fred.
Fonte: oglobo
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