Esporte

Ciúme do sucesso de Jesus é o problema de Domènec no Flamengo

Espanhol prometeu que respeitaria o trabalho vitorioso do português e mudaria o time aos poucos. Mudou tudo de vez. Incoerência desastrosa

Uma inesperada questão de ego.

Essa a conclusão de parte da direção do Flamengo.

O vice Marcos Braz e o diretor Bruno Spiendel acabaram convencidos pelo espanhol Domènec Torrent que ele iria trazer os conceitos que desenvolveu, trabalhando 11 anos com Pep Guardiola, um dos melhores treinadores do mundo.

Domènec avisou que a mudança seria aos poucos.

O trabalho vencedor de Jorge Jesus seria respeitado.

Até para não atrapalhar os jogadores, acostumados com a maneira do português distribuir a equipe em campo.

Com muita movimentação a partir do meio de campo, liberdade para os jogadores trocarem de posição, laterais extremamente ofensivos, volantes que surgiam de surpresa para concluir. Gabigol e Bruno Henrique sempre próximos, buscando tabelas, infiltrações.

Everton Ribeiro e Arrascaeta, articulando, abrindo espaço com toques curtos, dribles, nas linhas defensivas adversárias. Facilitando a penetração dos companheiros, para as conclusões.

E recomposição obrigatória, assim que o Flamengo perdesse a bola.

Em um ano e um mês de trabalho, os jogadores estavam adaptados, entrosados e, acima de tudo, confiantes no sucesso da estratégia.

Domènec sabe que Jorge Jesus não é um treinador de vitórias importantes na Europa. Jamais chegou perto da conquista da Champions League, por exemplo. Do seu currículo só consta equipes portuguesas no Velho Continente. Não despertou interesse da Liga Espanhola, Inglesa, Alemã, Italiana, Francesa.

Daí, o espanhol ter ido contra suas promessas não só para Marcos Braz e Spiendel. Mas para os jornalistas, na coletiva.

Falou uma coisa e decidiu fazer outra.

Tratou de desrespeitar os conceitos táticos de Jesus.

Já havia sido assim contra o Atlético Mineiro de Sampaoli. Na derrota, na sua estreia, em pleno Maracanã, ele cometeu o absurdo de apostar em cinco atacantes, sem articuladores. De nada adiantou. A bola não chegou no homens da frente.

Justificou que “queria vencer”  e o “Flamengo joga para ganhar”.

O desconforto foi grande para os jogadores e a diretoria. Fora as críticas pesadas da imprensa e de milhares de torcedores nas redes sociais.

Mas o pior foi ontem.

Contra o Atlético Goianiense, que não entrava em campo desde março. O Estadual de Goiás será retomado após o Brasileiro.

Não atuava em jogos oficiais há 151 dias.

E acumulava casos de covid-19. Perdendo dois titulares ontem, por causa da pandemia.

Domènec resolveu fazer suas apostas. Tirou Rafinha do time para improvisar Rodrigo Caio. Arrascaeta ficou no banco para Vitinho jogar desde o início. Bruno Henrique virou ponta esquerda.

E fixou Gabigol como centroavante, preso entre os zagueiros, sem se movimentar.

O Flamengo de tanta movimentação parecia um time de pebolim. Com todos presos no 4-3-3.

Vagner Mancini agradeceu o presente. Com seu limitado elenco, montou um esquema seguro, firme: 4-5-1. Usando a vibração, o lado psicológico favorável de seus atletas, empolgados por enfrentar o campeão da Libertadores e do Brasil.

Mancini mandou o Atlético Goianiense forçar pelo lado esquerdo, explorando a improvisação de Rodrigo Caio.

Terminou o primeiro tempo vencendo por 2 a 0, sem a menor dificuldade. Gols de Hyuri e Jorginho. Na etapa final, Rafinha entrou no lugar de Gustavo Henrique, montando a tradicional defesa flamenguista. Arrascaeta substituiu Everton Ribeiro.

Alterou o esquema 4-3-3 para o 4-2-3-1.

O time melhorou. Mas logo tomou outro gol, aos 15 minutos, em um lindo chute de Ferrareis. 3 a 0 era demais. O time que era tão vencedor com Jesus, perdeu a confiança, ficou nervoso. E acabou tendo Diego Alves expulso, por agressão a Matheus Vargas.

Desde 1997, o Flamengo não começava o Brasileiro perdendo duas partidas seguidas.

A entrevista após o vexame foi um festival de desculpas.

“Jogamos depois de 24 dias, parece que estamos na pré-temporada, um ritmo muito mais baixo, os outros em um ritmo mais alto, mas trabalharemos para fazer uma equipe vencedora.

“Certamente venceremos novamente.

“Eu preciso de tempo, os jogadores precisam de tempo. Não para jogar com Dome como técnico, mas para estarem melhor fisicamente, jogarem mais jogos e voltarem a vencer.”

E ainda, para destacar que ele é um vencedor.

Disse que não se lembrava de perder duas partidas seguidas.

“Não é normal. O Flamengo é vencedor, ganhou quase tudo. Eu sou vencedor. Não me lembro de perder dois jogos seguidos, mas acontece algumas vezes no futebol. Por que?

“Porque as ligas não são as mesmas, algumas equipes fazem mais jogos que você e não é fácil. Temos que ter mais ritmo, mais treinamentos e jogar em um ritmo alto.

“Estamos trabalhando duro para isso.

“Não é fácil.

“Todos os times estão muito bem preparados para vencer equipes como o Flamengo.”

Da mesma maneira que estiveram para tentar derrotar o time nas mãos de Jorge Jesus. E foram raros os times que conseguiram.

A situação na Gávea é de supresa.

E decepção.

Domènec está fazendo o contrário do que prometera.

A sombra de Jorge Jesus o incomoda.

E decidiu implodir o trabalho de um ano e um mês, cinco títulos, em apenas uma semana de trabalho.

Algo nada inteligente.

Incompreensível.

Que beira o complexo de inferioridade.

Porque quando Domènec se diz um ‘vencedor’, ele omite que ele era auxiliar técnico e, a última palavra, era de Guardiola.

Como treinador, conquistou apenas a Terceira Divisão da Espanha, com o Girona, em 2005.

Mais que as duas derrotas, a atitude de Domènec, de falar uma coisa e fazer outra, e, principalmente, tentar impor sua forma de pensar futebol, desmanchando de forma abrupta o ótimo trabalho de Jesus, decepciona.

Os jogadores estão irritados, perdendo confiança.

Domènec começa seu trabalho da pior forma possível.

Como alguém ressentido.

Invejoso do trabalho de Jorge Jesus.

E ansioso para impor sua estratégia.

A decepção já chegou à Gávea…

FONTE: R7.COM

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Marcio Martins martins

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