Brasil Produtivo

Em 2019, Brasil deverá continuar como principal fornecedor global de soja, mas com relações mais equilibradas

Apesar das boas oportunidades comerciais, no entanto, Brasil terá de rever seus investimentos em infraestrutura logística para potencializar suas exportações. Abiove estima ainda uma maior demanda interna pela oleaginosa, e um ligeiro aumento do esmagamento em 2019.

O ano de 2018 foi marcado pela guerra comercial entre China e Estados Unidos e os reflexos que essa disputa trouxe para o restante do mundo. Para o Brasil, esse impasse entre as duas principais potencias mundiais propiciou o país a se consolidar como um dos principais fornecedores globais de soja.

https://youtu.be/8zlAD67dDK0

“O ano de 2018, sem dúvidas, foi um ano bastante agitado sob vários aspectos. Um deles certamente foi a forte demanda pela soja no Brasil e no mundo. A soja brasileira encontrou um espaço muito importante no Brasil com o aumento da venda do farelo e também o óleo de soja com a produção do biodiesel, e no plano internacional, ganhou destaque na questão das relações entre Estados Unidos e China que teve um impacto no produto brasileiro de maneira muito intensa. O Brasil exportou bastante soja em grão para a China e isso trouxe grandes desafios em termos de suprimento, mas a boa notícia é que terminamos o ano conseguindo atender todas as demandas no plano interno e internacional, o que fortaleceu muito a imagem do Brasil como um fornecedor de soja confiável, de qualidade e a preços competitivos”, diz Daniel Amaral, gerente de economia da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).

Após esse ano de exportações recordes, as expectativas para o ano que vem não devem chegar ao patamar apresentado neste ano. Ainda assim, as relações em 2019 devem continuar altas e equilibradas para os produtores brasileiros. “Dado a forte demanda pelo produto brasileiro, nós vamos entrar 2019 com um estoque menor o que reduz a disponibilidade de produto e, por tanto, não é possível atingir os mesmos patamares de 2018 em termos de exportações. Se houver uma solução definitiva ou uma trégua mais alongada no conflito Estados Unidos e China, o mercado chinês vai se abastecer de uma maneira mais rápida com a soja américa, o que libera mais produto para ser processado no Brasil. Essa é a razão da nossa projeção um pouco menor para o ano que vem face 2018, mas ainda assim estamos falando em volumes muito altos face toda a série histórica”, pontua Amaral.

Por outro lado, o setor de óleo de soja deve ter um aumento significativo no Brasil, uma vez que a porcentagem de biodiesel adicionada ao diesel comercial deve aumentar para 11% a partir de junho. “No nosso balanço nós já estamos trabalhando com a expectativa de entrada do B11, a mistura de 11% de biodiesel no diesel comercial, a partir de 1 de junho. Nós estamos bastante confiantes de que o nosso setor produz um produto de altíssima qualidade, com preços competitivos e que com a finalização do relatório final em março, com a aprovação completa e integral do B15, nós já tenhamos todas as condições necessárias para que o B11 comesse em junho. Se agente olhar toda a questão do complexo soja o B11 vai exigir um uso maior de óleo vegetal, e a soja é a principal matéria prima e a que tem mais condições de responder por esse aumento da demanda. Para o ano que vem, agente estima que uma parte significativa do esmagamento seja derivada para o biodiesel. Atualmente esse número se encontra ao redor de 18,5 milhões de toneladas e, para o ano que vem, algo da ordem de 19,8 milhões de toneladas serão direcionadas para a produção de óleo para biodiesel”, comenta Daniel Amaral.

LOGÍSTICA

O gerente de economia da Abiove destaca também os problemas enfrentados pela logística de escoação da produção para o setor do agro negócio brasileiro. Segundo Daniel, esse é um dos principais problemas enfrentados pelos produtores e ajuda a reduz a competitividade dos produtos nacionais e diminui a margem de lucro dos negócios.

“Tivemos perdas muito significativas em vários aspectos. O primeiro, talvez o mais claro e mais visível, são as perdas relacionadas ao desgaste dos caminhões que quando passam por vias ruins em más condições gastam mais combustível, tem mais manutenção com suspensão e pneus, o caminhoneiro fica mais cansado, uma série de gastos que não deveriam acontecer em situações normais em pistas em boas condições. O segundo são os próprios produtos agrícolas, caminhões que tem que passar por buracos e vias em más condições também enfrentam uma perda maior de produto. E no terceiro aspecto, a questão da perda econômica, o caminhão leva mais tempo para fazer o trajeto, fica mais difícil contar com uma programação de embarque por conta de chuvas e acidentes e tudo isso prejudica. Quando colocamos tudo isso na ponta do lápis e vamos olhar sob o ponto de vista da competitividade brasileira claramente isso aparece e uma boa parte daquela grande eficiência que tivemos dentro da porteira ela se perde ao longo do caminho”.

Por: Carla Mendes e Guilherme Dorigatti
Fonte: Notícias Agrícolas

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