Brasil Produtivo

Brasil quer acionar OMC para analisar barreiras da UE ao frango

Painel para analisar caso pode durar cerca de três anos. As restrições são consequência de desdobramento da Operação Carne Fraca

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) quer pedir a instalação de painel na Organização Mundial do Comércio (OMC) para analisar as barreiras impostas pela União Europeia à importação de frango do Brasil. Segundo o ministro da pasta, Blairo Maggi, os estudos necessários para o pedido foram iniciados. Entre amanhã (18) e quinta-feira (19), a União Europeia poderá decidir pela suspensão da importação de unidades brasileiras que fornecem o produto, entre elas, há nove apenas da BRF.

Recém-chegado da Bélgica, para onde viajou para tratar dessa questão, Maggi acredita que a decisão da UE será pela suspensão da importação de diversas unidades de produção. Maggi diz que o país tem tomado, desde o início da Operação Carne Fraca, diversas medidas para aumentar a credibilidade junto ao mercado externo.

Após a terceira fase da operação da Polícia Federal, o ministro viajou à Europa para mostrar que as ações realizadas pelo Brasil já eram suficientes para garantir a segurança dos produtos. “Não obtivemos sucesso”, afirmou. “Ficou uma pequena possibilidade de rever isso ate dia 18, quase irrisório. A decisão colegiada que estão tomando é de fazer com que plantas da BRF e outras, que não sabemos, sejam deslistadas da UE”.

De acordo com Maggi, os estudos necessários para ingresso do caso na OMC foram iniciados. A questão ainda será discutida com o presidente Michel Temer e com o Ministério das Relações Exteriores. Uma vez instalado, o painel pode durar cerca de três anos. O ministro ressalta ainda que as plantas que forem descadastradas pela UE ainda poderão ser reintegradas caso atendam às exigências feitas pelo bloco.

Barreiras comerciais
De acordo com Maggi, a União Europeia está tentando impor barreiras comerciais, que extrapolam critérios sanitários. “É um problema comercial, estão se aproveitando de situação de investigação interna para tirar o Brasil desse mercado”, disse. Os estudos para pedir a abertura de um painel na OMC foram iniciados antes da decisão da UE.

A situação é consequência da terceira etapa da Operação Carne Fraca, deflagrada em 2017, pela Polícia Federal para investigar denúncias de fraudes cometidas por fiscais agropecuários federais e empresários. A chamada Operação Trapaça, deflagrada em 5 de março, teve como alvo a BRF. O grupo é investigado por fraudar resultados de análises laboratoriais relacionados à contaminação pela bactérias Salmonella pullorum.

Após a operação, o Mapa suspendeu temporariamente as exportações de carne de frango da empresa BRF para a União Europeia. Em nota, a BRF negou risco à saúde para população.

Maggi também criticou os critérios para a importação de frango da UE, independentemente da Operação Carne Fraca. O Brasil atualmente pode exportar para a União Europeia até 21,6 mil toneladas de frango in natura sem impostos. Para esses produtos, é exigido que não tenham dois tipos de salmonella, que causam danos à saúde.

Além dessa cota, o país pode exportar ainda 170,8 mil toneladas de frango in natura com adição de 2% de sal. Sobre esses produtos são cobrados 15,4% de impostos e há a exigência de que não apresentem 2,6 mil tipos de salmonella. A exigência pode cair para apenas dois tipos da bactéria caso seja paga uma taxa extra de 1.024 euros por tonelada. “Isso não é sanitário, isso é comercial”, diz o ministro.

Segundo Maggi, com exceção dos dois tipos de bactérias que podem causar danos mais graves, a salmonella não apresenta risco à saúde, porque é “desativada” quando o frango é cozido.

Exportações
De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo. Ao longo de quatro décadas, o país embarcou mais de 60 milhões de toneladas de carne de frango, em mais de 2,4 milhões de contêineres para 203 países. O primeiro contêiner, inclusive, foi enviado pela Sadia, marca da BRF.

As vendas para a UE, no entanto, têm apresentado quedas. Em 2017, o Brasil, de acordo com o Mapa, exportou 201 mil toneladas para o bloco. Em 2007, chegou a exportar 417 mil toneladas.

FONTE: Agência Brasil

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