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A importância do manejo nutricional para equinos

O correto manejo nutricional em equinos, em suas diferentes categorias, é um grande desafio aos profissionais. É necessária uma minuciosa avaliação clínica e uma completa anamnese, a fim de diagnosticar presença de afecções que possam interferir negativamente no desempenho e desenvolvimento dos cavalos.

As informações relatadas por proprietários, treinadores ou tratadores são fontes essenciais para a adequada avaliação. Alterações de comportamento, demonstração de dor, diminuição do apetite, seletividade entre os alimentos, histórico de afecção clínica preexistente, uso recente de antiinflamatórios não esteroidais, uso contínuo de medicamentos, periodicidade de vermifugação e vacinação podem influenciar no estado geral do animal.

Uma das principais causas de redução do apetite é a dor, que interfere claramente no comportamento geral do cavalo. Os sinais de depressão mental, isolamento do grupo, imobilidade, agitação constante são sintomas indicativos de dor. Há também indícios gerais, como cabeça baixa, orelhas em posição caudal discreta e o simples desinteresse em interagir com pessoas. Portanto, nas ocasiões em que houver diminuição de apetite ou aumento da seletividade por consequência de dor é necessário tratar a causa primária.

Os cavalos com síndrome da úlcera gástrica equina apresentam diminuição no apetite, apatia, escore corporal abaixo do ideal, mudanças de atitude, decréscimo no desempenho atlético e desconforto abdominal agudo recorrente. Mas há cavalos que não manifestam sinais clínicos.

Os potros com úlcera gástrica com até quatro meses de idade têm anorexia, depressão, bruximo, cólicas moderadas, sialorreia e “ânsia de vômito”. Geralmente, a sialorreia e a “ânsia de vômito” se expõem nos casos de ulcerações no duodeno e na região pilórica, quando há refluxo enterogástrico. Nesses casos, podem adotar o decúbito dorsal temporário com membros anteriores flexionados.

Na hipótese de úlcera gástrica, os cavalos tendem a recusar a ingestão de alimentos com banho de melaço externo e partículas laminadas. Portanto, é preciso introduzir uma dieta diferenciada com o fornecimento de produtos extrusados, óleo vegetal e alfafa. Tal leguminosa contém alto teor de cálcio, auxiliando na neutralização do ácido clorídrico gástrico. Além do tratamento clínico com inibidores da bomba de prótons e antagonista de H+, a dieta adequada é imprescindível como coadjuvante no tratamento dessa afecção gástrica.

overtraining é definido como um desequilíbrio entre o treinamento e a recuperação associado à queda de desempenho sem causa aparente, mesmo em animais submetidos à duas semanas de repouso parcial ou completo. Essa afecção clínica, apresentada por cavalos atletas de alto desempenho, ocasiona perda ou redução do apetite como sintomatologia primária. Em consequência, há perda de peso, mesmo nos casos em que o balanço energético é ideal, além de dores musculares, aumento da susceptibilidade às infecções e da incidência de lesões musculoesqueléticas.

Outras causas de perda de peso em equinos também podem ser consequências de manejo nutricional equivocado, afecções odontológicas e parasitismo. Nas hipóteses de perda de peso, sem que haja alteração do apetite, deve-se avaliar se houve diminuição da oferta de alimento (principalmente nas épocas de seca), digestibilidade dos alimentos oferecidos, aumento da perda de nutrientes, como ocorre nos casos de diarréias ou elevação da exigência nutricional. A regularidade no fornecimento dos alimentos, assim como a divisão dos tratos, também interfere no resultado final.

Uma avaliação odontológica deve ser realizada semestralmente por um profissional especializado. Afecções dentárias afetam diretamente a mastigação, prejudicando a absorção dos nutrientes. Por isso, nesses casos, pode haver manutenção do apetite com perda de peso.

Nos animais idosos, a avaliação odontológica ainda é mais importante e minuciosa. Alguns dentes podem estar ausentes, dificultando assim a mastigação. Estudos mostram que animais acima de 20 anos apresentam  capacidade reduzida de digestão, principalmente de fibras e proteínas. Dessa forma, o ideal é que sejam fornecidos alimentos de alta digestibilidade, como os produtos extrusados. E, nos casos em que há muita dificuldade de mastigação, pode embebedar o feno com água para facilitar o consumo do volumoso, além de aumentar a ingestão de água.

A periodicidade da vermifugação e alternância do princípio ativo são dados importantes na avaliação clínica. Cavalos acometidos por verminoses apresentam baixo escore corporal, ainda que haja manejo nutricional apropriado. Infecções viral, bacteriana ou  protozoótica também levam à diminuição do apetite. Portanto, é necessário avaliar a presença de outros sintomas associados.

Animais com perda de peso progressiva associada à anorexia devem ser detalhadamente examinados, uma vez que o mormo – exemplo de doença de caráter zoonótico e de notificação compulsória – apresenta esses sintomas. A anemia infecciosa equina, doença infecciosa e de notificação compulsória também podem levar o animal à perda de peso.

Logo, os exames exigidos pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA) devem ser realizados bimestralmente, para que essas causas de perda de peso sejam excluídas, principalmente em áreas endêmicas. Vale lembrar: animais que apresentam estereotipias, tais como aerofagia, coprofagia, movimentos de balanço (síndrome do urso) têm maior dificuldade no ganho de peso.

A obesidade em equinos é uma condição que também deve ser considerada e tratada. O excesso de peso agrava lesões ósseas e articulares, reduz a tolerância ao exercício e ao calor, aumenta a suscetibilidade às doenças e acomete o desempenho reprodutivo. A causa primária da obesidade é a superalimentação ou o fornecimento de calorias em excesso, muitas vezes devido à falta de conhecimento dos níveis nutricionais dos alimentos fornecidos.

No entanto, distúrbios endócrinos como o hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo, síndrome metabólica e resistência à insulina podem estar diretamente relacionados ao ganho de peso. Assim, exames laboratoriais são primordiais para diagnosticar a causa dessa condição clínica. Nesse sentido, para que se obtenha o melhor resultado com o manejo nutricional estabelecido, é importante a realização de uma avaliação clínica detalhada. Há estreita relação entre a clínica e a nutrição na espécie equina.

Por fim, importa ressaltar que cavalos submetidos ao manejo nutricional, clínico e sanitário corretos são facilmente identificáveis, uma vez que apresentarão mucosas róseas, pelagem reluzente e bom desempenho dentro de sua aptidão.

Artigo escrito por Natalia Telles – veterinária e assistente técnica de equinos da Guabi Nutrição Animal.

FONTE: ASSESSORIA

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