Situação teria ocorrido durante visita de Ricardo Salles ao Parque Nacional do Pau Brasil, em Porto Seguro. MST diz que há “tentativa de criminalização” contra manifestantes e PCO afirma que houve “armação” e que carro com ministro foi jogado contra grupo ligado ao partido.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou à Polícia Federal a abertura de inquérito para apurar denúncia feita pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que relatou ter sido alvo de tentativa de agressão por parte de integrantes do Partido da Causa Operária (PCO) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) durante uma visita à Bahia, na quarta-feira (27). O MST e o partido negam as acusações.
Salles disse que o carro em que estava com servidores públicos foi cercado após solenidade de lançamento da pedra inaugural de concessão para revitalização do Parque Nacional Pau Brasil, em Porto Seguro, no sul do estado e que veículos oficiais foram depredados por manifestantes.
Ele usou o perfil no Instagram para relatar o ocorrido e classificou o episódio como uma “vergonha”.
“Na manhã de hoje, logo após uma bela e comemorativa agenda de Concessão ao setor privado do Parque Nacional Pau Brasil em Porto Seguro -BA, fomos cercados e atacados por membros do MST e do PCO, que agrediram as pessoas e depredaram viaturas oficiais do MMA. Uma vergonha”, escreveu Salles na postagem.
Na postagem, o ministro publicou um vídeo que mostra o momento em que manifestantes se aproximam do carro em que ele estava e também uma foto que mostra um carro com adesivo do governo federal com uma bandeira do PCO estendida na parte da frente e o vidro dianteiro estilhaçado.
Ainda no post, o ministro publicou a foto de um suposto manifestantes que teria relação com o ocorrido.
Conforme relato dos servidores que acompanhavam o ministro, houve momentos de tensão devido à violência dos manifestantes. De acordo com o depoimento colhido pelas autoridades, um dos membros da manifestação chegou a subir no teto do carro oficial, destruindo partes do veículo e, municiado de uma pedra, quebrou o para-brisa, bradando palavras de ordem e palavrões, ameaçando diretamente o ministro Ricardo Salles.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que para identificar os suspeitos, solicitou que a PF, por meio de inquérito, apure o caso como “ameaça e dano qualificado contra um ministro de Estado”.
MST e o PCO rebatem
O MST e o PCO rebateram as acusações do ministro e dos demais servidores que o acompanhavam.
A assessoria de comunicação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no sul da Bahia divulgou nota em que afirma que repudia o que chamou de “tentativa de criminalização” contra o MST. Disse que os manifestantes realizavam apenas uma manifestação contra a tentativa de privatização do Parque Nacional do Pau Brasil.
A assessoria ainda enviou a imprensa um vídeo com depoimento de Evanildo Costa, da direção nacional do MST na Bahia, sobre o caso.
No vídeo Evanildo diz que “Estamos acompanhando pelas redes sociais mais uma tentativa do governo de criminalizar o MST, mediante a manifestação espontânea que houve da população e diversas organizações no extremo sul da Bahia. As pessoas estavam protestando contra a privatização do parque e em defesa dos indígenas”, disse Evanildo Costa, da direção nacional do MST na Bahia.
“O MST não pratica e nem incentiva a violência, ao contrário, vemos membros do governo incentivando a violência contra os movimentos sociais, quilombolas e indígenas. A gente sabe o tanto de assassinato que já ocorreu nesse país, fruto desse incentivo, tanto de índio, quanto negro, quanto LGBTs. Estamos aqui repudiando essa atitude de violência contra os movimentos e ao mesmo tempo questionando e repudiando todo esse processo de entreguismo, todo esse processo de privatização dos recursos naturais que o governo vem fazendo para o capital financeiro internacional, principalmente”, completou.
O PCO informou que não houve tentativa de agressão contra o ministro e as acusações dele são falsas. O partido divulgou uma nota no site Causa Operária, ligado ao PCO, em que afirma que o carro da comitiva do ministro foi jogado contra os manifestantes que protestavam contra a privatização do Parque.
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