Agronegócio

Índice de confiança do agronegócio cai 8,2 pontos no 2º trimestre

Indicador da Fiesp fica abaixo da linha de 100 pontos e aponta perda do otimismo do setor em relação à economia

O Índice de Confiança do Agronegócio (IC Agro), medido pelo Departamento do Agronegócio (Deagro) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), caiu para 92,4 pontos no segundo trimestre de 2017. A diferença é de 8,2 pontos em relação ao trimestre anterior, que havia registrado 100,5 pontos. Essa é a terceira queda consecutiva do indicador.

O resultado é o mais baixo desde o 2º trimestre do ano passado, quando produtores, indústrias e cooperativas que compõem o agronegócio iniciaram uma fase otimista. Nesse período, o índice se mantinha em 102,1 pontos. De acordo com a metodologia do estudo, pontuação acima de 100 pontos corresponde a otimismo e resultados abaixo disso indicam baixo grau de confiança.

A queda foi fortemente percebida na indústria de insumos, antes da porteira, cuja confiança passou para 93,8 pontos, recuo de 15,5 pontos. “A venda de soja e milho esteve muito lenta no período, o que prejudicou as aquisições de insumos. Claramente, os produtores esperaram um pouco mais para realizar as suas compras, aguardando uma reação de preços dos grãos e uma melhora nas relações de troca, desfavoráveis até então em comparação a períodos anteriores”, ressalta Antônio Carlos Costa, gerente do Deagro da Fiesp.

Depois da porteira

Para a indústria Depois da Porteira (alimentos, principalmente), a queda no 2º trimestre deste ano em relação ao trimestre anterior foi de 5,1 pontos. O resultudo foi de 96,9 pontos, também abaixo do patamar otimista. A percepção dessas empresas sobre a economia brasileira piorou no período avaliado e também houve perda de confiança em relação às condições do próprio negócio.

Existia uma expectativa de crescimento mais expressivo da economia, o que teria um impacto direto para essa indústria com a recuperação do poder de compra da população. “Vale lembrar que 60% do PIB é formado pelo consumo das famílias, que gastam, em média, cerca de 20% da sua renda na aquisição de alimentos. Toda melhora do cenário econômico impacta bastante esse setor e a indústria de alimentos esperava um crescimento mais robusto, que não aconteceu até agora”, de acordo com Antonio Carlos Costa.

A avaliação sobre as condições do negócio ainda foi afetada pelas alterações do Plano Agrícola e Pecuário 2017/2018 (PAP 17/18). “No Plano, as cooperativas foram cortadas de algumas linhas de crédito rural obrigatório. Isso atinge fortemente o setor, causando um impacto de custo muito grande. A estimativa é de um prejuízo de cerca de R$ 1,5 bilhão, apenas nessa safra”, explica Márcio Freitas.

Pecuária

O índice do Produtor Agropecuário também recuou no fechamento do 2º trimestre – queda de 8,1 pontos, para 87,3 pontos. Esse resultado foi acentuado pelo produtor pecuário, que marcou 80,2 pontos, o que significa quase 20 pontos de queda na comparação com o mesmo período de 2016.

“A explicação se deve à suspensão das exportações para os EUA, à Operação Carne Fraca, a situação da empresa líder do setor [a JBS], que possui presença majoritária em vários estados, gerando insegurança na comercialização e queda de preço acentuada”, diz Márcio Lopes de Freitas, presidente da OCB.

Esse cenário levou à forte desconfiança do pecuarista em relação ao próprio setor. O quadro preocupa especialmente quando o produtor aponta para um resultado ainda pior em relação às expectativas futuras. A queda na pecuária só não foi mais acentuada por conta do leite, que se manteve estável.

Para o produtor agrícola, a produtividade continua como o item mais bem avaliado, marcando 137,5 pontos, no maior patamar histórico. Fatores como a piora na percepção da economia e queda muito acentuada dos preços ainda pesaram. Dessa forma, culturas que em 2016 tiveram forte destaque positivo, como a laranja, café e cana-de-açúcar, este ano lidam com preços em baixa. Essa queda de preços também ocorreu de forma muito expressiva nos grãos, em especial no segundo trimestre.

“No caso dos grãos, os EUA ditarão os patamares de preços, que responderão à extensão dos problemas climáticos que o país enfrenta. É cedo ainda para cravar uma aposta, mas as altas no início de julho impressionaram”, diz Freitas.

Segundo ele, a recuperação dessas culturas, juntamente com alguma melhora no cenário político e no acesso ao crédito pode inverter a queda no indice.

 

Fonte: Revista Globo Rural

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